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Bastam algumas horas ą beira do leito para observar riscos em hospitais


22/05/2018

 "Bom dia, seu Carlos? Vamos tomar banho?", disse a enfermeira na manhã da última quarta (16) já retirando o lençol que cobria o paciente.

 
Meu pai, aos 87 anos e se recuperando de um traumatismo craniano causado por uma queda, gritou no leito ao lado: "O médico disse que ele não pode se mexer durante três dias!"
 
Seu Carlos, 67 anos, com câncer de intestino e de fígado, tinha passado por uma extensa cirurgia abdominal naquela madrugada e ainda estava sob efeito anestésico. O corte da operação anterior havia se rompido e foi preciso retirar toda a tela que fazia as vezes de parede abdominal. 
 
Trazido ao quarto pela equipe de enfermagem do turno anterior, foi recebido por uma cuidadora paga pela família, que não estava no quarto naquele momento. 
 
Segundo a enfermeira, não havia recomendação alguma no prontuário sobre a imobilidade do paciente. Mas, é claro, ela recuou da ideia do banho ao ver a extensão da cirurgia, os drenos e as sondas. Antes de sair do quarto, ainda brincou com meu velho: "Ainda bem que o senhor está esperto, seu Haroldo!"
 
Paciente aguarda leito em corredor de hospital - Folhapress
E assim começava uma série de falhas de procedimentos que presenciei nos três dias em que fiquei "internada" dentro de um hospital em Ribeirão Preto (SP) como acompanhante do meu pai.
 
Entre elas, um remédio que quase foi trocado (era para o seu Carlos, não para o meu pai) e uma quase queda (a grade lateral da cama do meu velho foi retirada em uma troca do soro não foi colocada no lugar).
 
Enfermagem sobrecarregada, falta de prontuário eletrônico, sistema de informação precário, entre outros problemas, explicam boa parte dessas falhas que podem comprometer a segurança do paciente. 
 
Durante esse período, lembrei-me de uma pesquisa publicada no ano passado sobre eventos adversos dentro de hospitais. Embora tenha sido questionado do ponto de vista metodológico, o estudo cai como uma luva nesse contexto.
 
O trabalho, produzido pelo IESS (Instituto de Estudos da Saúde Suplementar) em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) constatou que a cada três minutos, mais de dois brasileiros (2,47 para ser mais exata) morrem em um hospital (público ou privado) como consequência de um “evento adverso", como erros de dosagem de medicamento ou de aplicação, uso incorreto de equipamentos ou infecção hospitalar.
 
Em 2015, as mortes provocadas por essas falhas foram estimadas em 434,11 mil no Brasil, o que as tornariam uma das principais causas de mortalidade no país. Só para efeito de comparação, as mortes no trânsito estão em torno de 45 mil ao ano.
 
Os eventos adversos em saúde não são privilégio do Brasil ou de instituições específicas (por isso, não faz sentido nomeá-las). Ocorre que estudos internacionais apontam que eles são evitáveis em cerca de 60% dos casos.
 
Os erros, em geral, não são desse ou daquele profissional. São institucionais. E se as falhas não forem expostas, discutidas e revistas, continuarão acontecendo. Um caminho seria exigir mais transparência dos indicadores de qualidade e de segurança dos hospitais. Hoje, quando temos a opção de escolher onde seremos internados, fazemos isso no escuro.
 
Não temos informações sobre o índice de infecção hospitalar ou de reinternação daquela instituição, por exemplo. O critério acaba sendo, além de haver ou não cobertura do plano de saúde, o aval do médico (que também não costuma se basear em dados objetivos para fazer essa escolha).
 
Há uma série de medidas capazes de trazer mais segurança ao paciente internado, como um checklist usado antes, durante e após cirurgias. O documento foi elaborado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e é (ou deveria ser) adotado pelo Ministério da Saúde e no setor privado.
 
Entre as questões estão conferir o material usado em cada procedimento, confirmar se o paciente é realmente quem fará determinada cirurgia ou procedimento, verificar se ele tem alergias etc.
 
O desafio, no entanto, está na efetiva aplicação dessas medidas no dia a dia. É comum observar nos hospitais quadros com listas de recomendações para um cuidado mais seguro, mas bastam algumas horas na beira do leito para perceber que ainda há uma enorme distância entre a teoria e a prática.
 
Cláudia Collucci
Repórter especializada na área da saúde, é autora de 'Quero ser mãe' e 'Por que a gravidez não vem?'
 
Fonte: Folha de SP
 
 
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