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Brasil, cada vez menos brasileiro!

A crise econômica internacional começa a cobrar seu preço  sobre as contas externas da economia brasileira. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior  (MDIC), de janeiro a maio, a balança comercial (que registra  importações e exportações) acumula déficit (resultado negativo) de US$ 5,4 bilhões. Para se ter ideia de como este resultado é ruim, no mesmo período do ano passado, a balança comercial tinha superávit (resultado positivo)  de R$ 6,261 bilhões. Este é o pior resultado, para os primeiros cinco meses de um ano, desde 1993.

Outra medida que indica a deterioração  das contas externas é a chamada  conta de transações  correntes, que em síntese, é composta pelo resultado da balança comercial e,  também,  pela balança de serviços e transferências. Até abril,  O saldo  desta conta ficou negativo em US$ 33,18 bilhões, uma piora de 89,68% na comparação com 2012.  Se as previsões de mercado se confirmarem, o déficit em transações correntes poderá  chegar a US$ 72 bilhões até o  fim de 2013. Este seria o pior resultado desde 1947.

Mas se a situação é tão grave, porque o governo e a mídia não dizem  nada? Porque na opinião dos técnicos do governo, em especial os do Banco Central, não se trata de um problema já que o Brasil  tem sido capaz de cobrir estes  “rombos” com a entrada de “investimentos externos”. Isso é verdade, mas o que não se diz é que o “dinheiro  externo”  que chega ao país não  cria investimento novo, não  instala novas  fábricas, não desenvolve  novas tecnologias, não  gera novos  empregos. O capital externo, no mais das vezes, apenas compra empresas nacionais já existentes e assim,  aos poucos  vamos  alienando  o controle do setor empresarial brasileiro.

Apenas  na região Sudeste, das 50  maiores empresas  existentes, 22  (44%)  já são controladas pelo capital estrangeiro, ou tem capital estrangeiro  em sua composição.  Estas empresas, em geral,  atuam nos setores de maior rentabilidade econômica (comércio varejista, telecomunicações, veículos, farmacêutica,  etc). Em outras palavras,  o  “dinheiro estrangeiro” que tem ajudado a “fechar as contas”, já domina o “filé mignon” da economia brasileira. Uma  consequência  desta  verdadeira  “dominação” externa é que o Brasil está perdendo a  capacidade de formular políticas de desenvolvimento nacional. O  país  perde  seu potencial  de desenvolver  novas tecnologias,  já que empresas de capital estrangeiro, quando precisam e inovações, não investem no  desenvolvimento local, mas  compram  tecnologias de suas matrizes,  nos países de origem.

Por outro lado, uma empresa  de capital externo que se instala no país,  injeta  recursos  na economia nacional apenas uma vez na história, mas a  partir  daí,  remeterá  lucros  ao  exterior  até  o  “fim  dos  tempos”. Apenas no primeiro quadrimestre de 2013  já foram remetidos ao exterior US$ 28,134 bilhões.

Por essas e outras, o Brasil precisa ficar atento à recente piora das contas externas,  afinal nos momentos mais difíceis da economia nacional este elemento sempre esteve presente. Por hora, o Brasil  está ficando  cada vez menos brasileiro  e os brasileiros cada vez menos senhores de seu destino.

LUIZ FERNANDO ALVES ROSA , Economista / Técnico DIEESE, Subseção Federação da Saúde de SP

 
 
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